domingo, 20 de março de 2016

COMO DIZIA magnificamente Durkheim, o objetivo da educação não é
o de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao aluno, mas o
de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade
de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas durante a
infância, mas por toda a vida1. É, justamente, mostrar que ensinar a viver
necessita não só dos conhecimentos, mas também da transformação, em
seu próprio ser mental, do conhecimento adquirido em sapiência 2, e da
incorporação dessa sapiência para toda a vida. Eliot dizia: “Qual o
conhecimento que perdemos na informação, qual a sapiência (wisdom)
que perdemos no conhecimento?” Na educação, trata-se de transformar as
informações em conhecimento, de transformar o conhecimento em
sapiência [...].

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento.
Tradução Eloá Jacobina, 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
  
1 L’Évolution pédagogique en France, PUF, 1890, p. 38.
2 Palavra antiga que engloba “sabedoria” e “ciência”.


35 comentários:

  1. A educação é dimensional, por isso carregamos a educação por toda uma vida, e com sabedoria buscamos passar as informações na melhor maneira possível. Somos cuidadosos ao educar, pois fazemos parte da transformação dos alunos. Abrimos espaços para o conhecimento e nós também adquirimos ao longo da vida ensinamentos que nos transformam na pessoa que somos hoje.

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    1. Apenas uma correção: a Educação, seja ela na escola, na família, na empresa é um fenômeno humano, social, cultural, portanto, tem várias dimensões ou é constituido por várias dimensões: multidimensional. Abraço!

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  2. Todo o saber que adquirimos em nosso meio, advêm da interligação existente entre as experiências e informações que recebemos.
    A forma como nos prostramos diante das circunstâncias, possibilita aprendizagens que podem ou não se transformar em conhecimento.
    Esse estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito citado por Durkheim nos oportuniza observar o quão interessante é se oferecer ao individuo uma educação igualitária e a "prática de uma pedagogia humanizadora" (FREIRE, 1994, p. 55).
    Como a própria Liliane citou em seu comentário como profissionais formadores fazemos parte da transformação de nossos alunos.

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    1. Há um aforismo criado por Karl Marx no livro Ideologia Alemã, nas Teses sobre Feurbach quando diz: Quem educará o educador? Na verdade, o processo educativo sempre envolverá educador, educando em suas múltiplas possibilidades...ou seja, o educador também aprende com o educando e vice-versa. É óbvio que o educador tem mais vivência, mais experiência mas não significa que saiba tudo... Abraço!

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  3. Inevitavelmente, quando se fala em educação logo nos deparamo-nos com o conhecimento. A face de um professor á sociedade é de “o detentor do conhecimento”, aquele que sabe aquele que ensina. Embora esta não seja uma visão plural atualmente, e que ainda se tenha muito a valorizar, o professor historicamente carrega consigo a tarefa de ensinar e de compartilhar seus saberes.
    Não obstante, hoje o professor assume um papel de facilitador entre o que se quer ou precisa saber a quem tem esta necessidade. O que torna a relação entre educador e educando, uma freqüente busca entre o saber sem que haja entre ambos um abismo de conhecimento.
    E nesta relação, o professor não apenas transfere o que sabe ao educando. Ele cria um vínculo de aprendizagem a ponto de que se perceba a necessidade deste ou daquele saber para situações cotidianas, de vida. Neste sentido, a educação é um agente de transformação, pois à medida que o conhecimento se torna possível de vivenciar assume um papel que vai além do está escrito nos livros. A educação permite que as pessoas tenham uma postura de criticar, de se posicionar e não apenas manter-se omissa.
    Neste sentido, o professor não é apenas um “aglomerado de informações ambulante”, até porque as informações estão presentes e atualizadas na internet, por exemplo, que hoje a grande maioria da população tem acesso facilmente. A transformação que a educação permite, está em questionar as informações, relacioná-las historicamente, repensá-las. A educação transforma, quando o professor semeia no educando o diálogo, a consciência, a sede de querer saber mais. Transforma, pois diante da trajetória de vida de cada um, através dela não permanecemos inertes, parados no tempo.

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  4. Por diversas vezes ao longo da formação em Pedagogia, fomos convidados a pensar sobre a finalidade da educação, do ensinar, e o papel da educação na vida dos educandos. É difícil pensar em uma resposta simples e objetiva, pois a educação nada tem de simples e objetiva... A educação é plural, e apresenta diversas dimensões. Comentando a concepção de Durkheim, ele foi capaz de expressar em poucas linhas uma das finalidades primeiras da educação, a de instruir e preparar para a vida, de "plantar" no educando a semente do pensamento critico e do autoconhecimento. Compartilho de sua opinião, quando diz que não devemos encher os educandos cada vez mais e mais de conhecimentos, numa constante transmissão superficial. Devemos mediar a construção do conhecimento individual de cada um, com os conhecimentos científicos próprios a cada fase do desenvolvimento.

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    1. Sontak

      Gostei de sua escrita. Capturou bem o espírito da citação. Muito bom ! Abraço!

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  5. O professor pode transformar conhecimento em sabedoria quando ele mesmo acredita no seu potencial e aplica o que sabe em seu ensino. Quando ajuda os seus alunos por meio de exemplos em sala de aula como aplicar o conhecimento no contexto de vida deles, proporcionando assim uma oportunidade do aluno ser sábio ou seja transformar sua vida.
    Porque ter conhecimento é o que aprendemos, mas ter sabedoria é aplicar esse conhecimento, sendo assim é um ciclo de transformação por toda a vida.

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    1. Olá Sara... apenas uma correção: a sabedoria é um processo que engloba conhecimento, vivências, observação da vida, informações, cultura e, tudo isso, interligado, interconectado a ponto de permitir que o professor ou seja quem for, consiga fazer relações entre os fenômenos, fatos, emoções etc... Aí ele é um sábio. A sabedoria é um processo que se conquista com muito suor, esforço, dedicação, humildade, vontade, disposição, escuta, observação, leitura etc. Abraço!

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  6. Refletindo sobre o texto, compreendo que a educação não é apenas transmitir conhecimentos aos indivíduos, se fosse só transmitir a educação seria muito passiva, ou seja, os indivíduos são meros recipientes e nós professores iríamos passar ou colocar conhecimento dentro dos mesmos, transmitir o conhecimento é muitos além, inicia-se em apresentá-lo ao sujeito, significá-lo e como a tarefa chave da educação mediar sobre sua importância, sobre sua relevância de cunho social- histórico para o sujeito, transmitir é proporcionar subsídios teóricos/práticos para que o individuo adquira e compreenda o conhecimento, e assim possa construir sua sabedoria interior. A educação é uma ferramenta que deverá agregar e compor o processo formativo do sujeito, processo este que servirá para compor sua personalidade/ individualidade como um cidadão consciente e emancipado.

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    1. Lídia, sua reflexão é clara e objetiva. Gostei. Apenas uma sugestão ou recomendação: Procure fazer pontuações. Faça frases curtas com ponto para que as ideias não fiquem "emboladas". Abraço!

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  7. Entende-se que a educação é muito maior e mais complexa de que o ato de ensinar e aprender, é algo que não só faz parte da vida mas é a propria vida. Desde o ventre de nossa mãe já comecamos a ser educados, a aprender a ouvir, a reconhecer sons, e assim se sucede até o fim dos nossos dias. Sempre haverá algo novo a ser ensinado ou aprendido, seja no âmbito escolar ou na vida pessoal. A educação é, portanto, uma marca que estará presente durante toda a vida do indíviduo, que dará sentido a essa vida, que estará sempre o formando para o futuro, com base nos ensinamentos do passado e do presente. Como já disse Anisio Teixeira: "Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra."

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    1. Adamari

      Muito bem! Gostei das suas reflexões e da forma como escreveu.
      Obrigado!

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  8. Em um sentido mais amplo, a educação para Durkheim tem como significado, costumes e hábitos transmitidos de geração para geração. Apesar da importância da educação formal ministradas nas escolas, ela é por si só um fenômeno natural, que precede a educação escolar, pois se trata de um processo de sensibilização e socialização do indivíduo. Acredito que o verdadeiro sentido da educação é social, atribuindo uma série de habilidade e valores, convém salientar que o ser humano deve adquirir conhecimentos ao longo da sua vida. Por isso cabe à nós educadores pensar a educação de outra forma, mais complexa, provocante e transformadora. Desse modo precisamos educar crianças e jovens para que quando adultos, tenham capacidade de participação ativa no contexto social, com criticidade, reflexão e análise.

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    1. Michele

      Muito bom! Só complementaria: criticidade, reflexão, análise e autocrítica!!!!
      Abraço!

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  10. A educação e uma ferramenta pela qual o individuo usa para adquiri novas experiencias ao longo da vida. Sabe se da sua importancia, e da responsabilidade que tem o professor como ser mediador de transferir e adquirir novos ensinamentos para si e para seus alunos, a fim de mostrar novos desafios e valores, para adquirir novas sabedorias e assim, crescer e se desenvolver como indivíduo.

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  11. Compreendo, que a transmissão do conhecimento pode ser interpretada como método simbiótico, vez que se trata da ligação entre dois indivíduos e a troca de experiências entre eles. O aprendizado acontece por diferentes vertentes, que contemplando os conhecimentos prévios do aluno, sugere que o docente seja o interlocutor deste processo e não mais, apenas, o transmissor por via única, como pensávamos anteriormente! A mediação do docente será indispensável para que o aluno, interprete e absorva o necessário, realizando suas conexões pessoais, porém ser perder-se do meio coletivo.
    Professor e aluno como parceiros do processo de ensino aprendizado.

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    1. Sabrina

      Lido. Apenas, como sugestão, para que o leitor compreenda o que deseja dizer, procure fazer pontuação nas frases. Faça frases curtas porque assim as ideias ficam claras e o que se deseja dizer fica bem objetivo para o leitor, certo? Obrigado. Abraço!

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  12. Quando dizemos que a educação é multidimensional na verdade, tentamos conceitualizar apenas uma parte da formação integral do ser humano. E, a esse período pelo qual passamos, chamamos de escolarização. Obviamente que esse período é de suma importância para a nossa formação, porém não é o único. Então, por conseguinte, sabemos que o melhor professor ou a melhor escola não darão conta de tamanha responsabilidade. No entanto, a sociedade da qual o indivíduo faz parte, é o maior instrumento educativo a que ele está sujeito e, essa mesma sociedade é responsável sim, ao longo de toda a sua vida, pela aplicação dos diversos processos educativos pelos quais ele passará. Sejam eles, processos educativos de vida, humanos ou de conhecimento.
    A citação nos evoca a uma profunda reflexão quando diz que a “educação deve criar no aluno um espírito que o oriente em um sentido definido por toda a sua vida”. Nesse sentido, no processo de busca da aquisição do conhecimento de orientação para toda a vida, surge uma enorme complexidade em virtude da escola e a sociedade estarem imbricadas e serem resultados uma da outra. Como é sabido, o ser humano não nasce pronto, vai se fazendo. E, nesse processo, deveríamos nos fazer de um jeito novo, ou seja, diferente do que já tentaram fazer antes e não deu certo. Por um lado, aproveitando do passado, o que foi bom e proveitoso, deixando de lado o que não foi. E, de outro lado, tentando “editar” um novo indivíduo a partir do conhecimento histórico e cumulativo agora refinado e evoluído da sociedade atual, sem desprezar seu imperativo social que é a velocidade de mudança. Pois, afinal de contas, a escola lida com futuro. O passado, nesse caso, deve ser apenas referência e não o rumo. Então, novos tempos, novas atitudes.

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    1. Prezado Clóvis... Muito bom! Voc~e escreve com clareza e compreensão! Parabéns! Um raciocínio claro e complexo!

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  13. O ensino é vida, vivencia, é movimento e precisamos disso para que ele se torne concreto...Como disse Durkheim “... por toda a vida”. Ensinar não tem um só método, não tem a “fórmula mágica”, ensinar é complexo.
    Não se pode desconsiderar os conhecimentos que perpassam na vida de todos, pois sempre temos algo a dar e receber. A educação tem o dever de despertar primeiramente o autoconhecimento e assim, consequentemente, o pensamento crítico irá vir espontaneamente. Esse pensamento é que trará aquilo que o aluno adquiriu, o que ele transforma, o que ele transmite é o que ele é, é o que a educação o fez. De que objetivo tem a educação se não isso?

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    1. Querida Jady, apenas uma correção: o pensamento crítico não vem espontaneamente. Ensina-se a "pensar" criticamente! Há várias concepções do que se quer dizer com "crítica", mas um pensamento crítico não se aprende, apenas, ouvindo ou assistindo aulas... Há todo um caminho a ser percorrido... Para que se aprenda a pensar criticamente, podemos nos servir das categorias da Dialética para começar... Mas precisamos ir em frente... A literatura, a poesia, as artes são áreas de conhecimento fundamentais para nos auxiliarem nesta "criticidade". Abraço! Obrigado!

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  14. Um dos grandes questionamentos levantados no curso de Pedagogia e apresentado como dilema entre a teoria e a prática é o do sentido/significado da Educação, e as diversas maneiras pelas quais poderemos chegar a formar um aluno. Seja pela parte legal, seja pela parte que aprendemos, discutimos e defendemos na academia, ou seja pelas observações e prática que vivenciamos nos estágios e experiências pessoais.
    A educação vai além da transmissão de conhecimentos.
    Ela perpassa a troca de saberes, o descobrir do novo, o questionar de todo o conhecimento, o pesquisar, ler, entender, fazer relações com o vivenciado, e questionar.
    Gerar um interesse, um envolvimento, uma relação de sentido em si, e através de si entre o educando, o educador e a educação, os saberes.
    A educação se apresenta como contínua por toda a vida, não apenas no momento em que nos encontramos em uma sala de aula, e, só é possível quando alcança essa profundidade e utilidade descritas acima.
    Uma transformação na maneira de receber e assimilar o que nos é chegado e apresentado, só é possível através de uma educação que presa a criticidade e o educando como um sujeito participante do processo educativo.

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  15. A educação necessita de um olhar sensível do individuo que ensina, para discernir a informação do conhecimento. Conhecimento não é apenas a apropriação de informações, apenas memorizando-as como se nossa mente fosse uma caixa para guarda-las. O aprendizado, o conhecimento, se dá através da transformação dessas informações em conhecimentos. Por exemplo: quando assistimos o noticiário, o qual nos diz apenas que é o mosquito Aedes Aeegypti que transmite a doença Dengue. Tal noticiário não nos deu conhecimento sobre o transmissor, prevenção, sobre a doença, ele apenas nos trouxe informações sobre o assunto. O conhecimento se daria se existisse um dialogo com o receptor da informação e que tal informação se torne relevante para ele, se tornaria conhecimento se fosse aplicada e internalizada, que o individuo possa refletir, ser critico sobre o assunto, e aprender usar em outros conceitos. Conhecimento é algo que pertence ao individuo, e ninguém pode tirá-lo. Depois de adquirido compartilhe o conhecimento adquirido para outros terem acesso, porque de nada vale um conhecimento se o individuo não o transmite para outros.

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    1. Mariane. Gostei do exemplo que deu sobre informação x conhecimento. O conhecimento se constrói por meio da pesquisa, da leitura, do diálogo, do aprofundamento do objeto em foco, de sua contextualização, de sua gênese...Obrigado!

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  16. É o papel da educação cultivar o bom senso e a reflexão crítica no aluno, ensinando-o assim a pensar.
    O erro das escolas é achar que aplicar muito conteúdo é o suficiente, mas não. Do que adianta o aluno fazer aquela famosa "decoreba" sem ao menos saber para que farão utilidade daquilo, demostrando assim que não houve um verdadeiro aprendizado. A educação tem como alvo o desenvolvimento integral do ser humano , em que ele possa associar o conteúdo ao seu cotidiano.
    A educação não pode ser vista como algo fragmentado. Há uma fragmentação crescente das disciplinas, que nos impede de ver o global.

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    1. Jeniffer...O conhecimento nunca é demais. É preciso que esse conhecimento seja bem aproveitado; que se faça ou se tente fazer sempre a relação dele com a vida (aluno). A cultura que os antepassados deixaram é fundamental para seguirmos construindo o futuro. Obrigado!

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  17. Em sua citação Durkheim fala de uma das multidimensões da palavra "educação", em que, uma é que os conhecimentos adquiridos devem ser internalizados e assim ocorra transformação. Acredito que a patir da medição de conhecimentos professor/ aluno, deixando o professor de ser o foco principal, formaremos cidadãos pensantes e críticos. Entretanto, essa troca de conhecimentos não encontramos nos ambientes escolares, pois o que realmente importa o vencer conteúdos, independente se são ou não compreendidos.

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  18. Como trabalhado já previamente em sala, somos o resultado, todos nós, das relações que tivemos, das conversas que travamos, das escolhas que fizemos, das pessoas, conceitos e oportunidades que passaram por nós, ou seja, somos uma rede singular de informação e conhecimento, somos uma construção em constante fase de aprimoramento. Nós enquanto professores precisamos ter o cuidado social e cultural de pensarmos de que maneira tocaremos em nossos educandos, como vincularemos informações em conhecimento útil, como utilizaremos nossa prática de maneira que se enquadre na verdadeira educação, como transformação, como ação.

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    1. Larissa, para isso, é preciso que o pedagogo tenha um "Método". Que construa seu Método para poder saber para onde se dirige, ou seja, precisa ter clareza epistemológica, política, profissional e relacional! São as dimensões constituintes da nossa formação e prática pedagógica. Obrigado!

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